4 de outubro de 2019
O Grupo de Trabalho pela Humanização do ICOM promoveu, no fechamento do setembro amarelo, mês dedicado à campanha de conscientização sobre o suicídio, uma roda de conversa com a psicóloga, psicanalista e especialista em saúde mental, Tania Duplatt.
O evento teve o objetivo de sensibilizar os profissionais para um problema que vem apresentando números preocupantes. No Brasil, a cada 45 minutos uma pessoa comete suicídio. Segundo dados da Organização Mundial de Saúde, o suicídio é a segunda principal causa de morte entre jovens com idade entre 15 e 29 anos.
O suicídio é considerado pelos especialistas um fenômeno complexo e multifatorial, que pode afetar indivíduos de diferentes origens, classes sociais, idades, orientações sexuais e identidades de gênero. Mas que há sinais que nos ajudam a perceber quem pode estar em sofrimento e com intenção de cometer o suicídio. O Ministério da Saúde indica atenção para: pessoas que estejam negligenciando o autocuidado, como não tomar banho ou não se alimentar; isolamento social; mudanças bruscas de humor; abuso de drogas e automutilação, principalmente em jovens.
Tânia Duplatt destacou o impacto que a grande exposição da vida pessoal em redes sociais, onde todos parecem felizes, saudáveis e com uma rotina intensa em diversão, podem levar as pessoas, principalmente, os jovens a uma frustração com sua vida, uma vez que ela não se encaixa nos padrões que acompanham na mídia social.
Escuta ativa
A psicóloga lembrou que a escuta ativa é o primeiro passo para ajudar, ouvir a outra pessoa demonstrando empatia e interesse genuíno. Em seguida, ajudar quem precisa a buscar apoio profissional, em Salvador o Núcleo de Estudo e Prevenção do Suicídio, mantêm o acompanhamento aos pacientes que tentaram o suicídio, e também oferece tratamento àqueles que não tentaram, mas que correm o risco de fazê-lo. O NEPS está ligado ao Centro de Informações Antiveneno -CIAVE. Outro canal de ajuda é o CVV – Centro de Valorização da Vida realiza apoio emocional e prevenção do suicídio, atendendo voluntária e gratuitamente todas as pessoas que querem e precisam conversar, sob total sigilo, por telefone (basta discar 188), e-mail e chat 24 horas todos os dias.
Cuidando do cuidador
Duplatt destaca o quanto diálogo sobre o tema com os profissionais de saúde é importante. São equipes que lidam diariamente com o sofrimento dos pacientes e precisam de apoio para que também possam cuidar de si. “As estratégias de educação permanente em saúde são sempre muito proveitosas porque promovem a articulação e a atualização. É muito importante a gente pensar no cuidando do cuidador, porque os profissionais de saúde vivenciam o sofrimento diariamente. Vivenciar o sofrimento nos afeta, nos faz sofrer também. Muitas vezes nos faz questionar a nossa competência, a nossa capacidade. Então é importante quando uma instituição como o ICOM desenvolve ações como esta e estratégias para fortalecer as equipes, criando um sistema de acolhimento quando há sofrimento psicológico do cuidador.”