19 de março de 2020
No início desta semana (23), o Brasil registrou mais de 1.600 casos confirmados do coronavírus COVID-19 no país e o Ministério da Saúde declarou transmissão comunitária em todo o território nacional – que ocorre quando as autoridades de saúde não conseguem rastrear a origem da infecção. Atualmente a idade média dos infectados é de 40 anos.
Na Bahia, mais de 50 casos foram confirmados e o Governo do Estado decidiu suspender as aulas nas escolas estaduais durante 30 dias. Já em Salvador, escolas municipais, academias, cinemas, shoppings e centros comerciais estarão com suas atividades suspensas pelo período de 15 dias.
Além disso, a Prefeitura cancelou eventos e proibiu reuniões com mais de 50 pessoas, entre outras medidas que visam desestimular a aglomeração de pessoas num mesmo ambiente, o que pode promover a disseminação acelerada do COVID-19.
Os coronavírus são uma grande família de vírus que causam doenças que variam desde o resfriado comum até doenças mais graves, como a Síndrome Respiratória do Oriente Médio (MERS) e a Síndrome Respiratória Aguda Grave (SARS). No final do ano passado, um novo coronavírus (COVID-19) foi identificado em Wuhan, na China. Este vírus ainda não havia sido identificado anteriormente em humanos.
A principal forma de contágio ocorre entre pessoas, quando uma delas está infectada a menos de 2 metros de distância. A transmissão se dá por meio de saliva, espirro, tosse, catarro, abraços, aperto de mão ou contato com objetos e superfícies contaminadas.
A transmissão importada ocorre quando alguém é diagnosticado num país, sendo que foi infectado em outro país. A local é quando a pessoa infectada não esteve em outro país com registro da doença, mas teve contato com um paciente infectado por transmissão importada. Já a transmissão comunitária ou sustentada ocorre quando há um aumento de casos e as autoridades de saúde não conseguem mais mapear a origem do vírus.
A Organização Mundial de Saúde estima que o período de incubação do vírus seja de 1 a 14 dias – que seria o tempo que a doença teria para se manifestar. O mais comum é a manifestação por volta de cinco dias, embora existam pessoas que, mesmo doentes, não apresentam sintomas.
O coronavírus é essencialmente um vírus respiratório, por isso começa afetando a garganta e o nariz. Em seguida, ele pode fazer um percurso em direção às vias aéreas que vão para os pulmões, causando inflamação e irritação e, consequentemente, começamos a tossir. Quando isso ocorre, o corpo começa a combater a inflamação e isso pode gerar também febre. A situação pode tornar-se mais grave se o vírus sair do canal brônquico e atingir os pulmões, provocando uma pneumonia. Se não for tratada, porções importantes do tecido pulmonar podem ser afetadas, dificultando bastante a respiração do paciente, que deverá ser hospitalizado e pode precisar estar conectado a um respirador.
Os principais sintomas são febre, cansaço e tosse seca. Algumas pessoas podem apresentar dores, congestão nasal, coriza, tosse e até diarreia. Existem ainda os casos assintomáticos, ou seja, a pessoa está infectada pelo vírus, mas não apresenta sintomas.
Cuidados com higiene pessoal e do ambiente em que convive são as principais medidas a serem adotadas. O Ministério da Saúde recomenda os seguintes cuidados para prevenção:
– lave as mãos frequentemente com água e sabonete por, pelo menos, 20 segundos, ou use desinfetante para as mãos à base de álcool gel 60% a 70% quando a primeira opção não for possível;
– evite tocar nos olhos, nariz e boca;
– evite contato próximo com pessoas doentes;
– evite abraços, beijos, aperto de mão e procure manter distância de 1 metro das pessoas, especialmente em locais públicos;
– higienize com frequência celular e outros objetos de uso pessoal;
– fique em casa se estiver doente;
– use um lenço de papel para cobrir boca e nariz ao tossir ou espirrar, e descarte-o no lixo após o uso. Se não tiver um lenço, pode cobrir a boca com o cotovelo flexionado – nunca com as mãos;
– não compartilhe copos, talheres e objetos de uso pessoal;
– limpe e desinfete objetos e superfícies tocados com frequência.
– mantenha ambientes bem ventilados e higienize as mãos após tossir ou espirrar.
A máscara só deve ser utilizada por quem está doente e por quem tem contato próximo com pessoas doentes ou com suspeita. Profissionais de saúde que trabalhem em locais com pacientes com suspeitas ou sintomas também dever usar. Após o uso, a orientação é descartar a máscara em local adequado e lavar as mãos.
O vinagre tem em sua composição o ácido acético, cuja propriedade é desinfetante, mas não funciona na pele e nem tem capacidade de afetar os vírus. Já o álcool 70%, seja em gel ou líquido, tem capacidade para desestabilizar os vírus e as bactérias. Por isso, nada de usar vinagre para limpar superfícies, mãos ou objetos na tentativa de se proteger do coronavírus.
Não há um tempo determinado. A Organização Mundial de Saúde estima que o vírus possa permanecer por algumas horas a alguns dias, dependendo das condições do ambiente. Caso você suspeite da contaminação de uma superfície ou objeto, a orientação é aplicar desinfetante.
Idosos com mais de 65 anos, portadores de diabetes, doenças cardiovasculares ou qualquer outra condição de imunodeficiência por doença ou tratamento (uso crônico de corticoide ou quimioterapia) são os principais grupos de risco. É recomendado que essas pessoas evitem contato com pessoas sintomáticas.
A Organização Mundial da Saúde explica que 80% das pessoas se recuperam da doença sem precisar de tratamento especial. Existem opções de tratamento que ajudam a conter o avanço do coronavírus e diminuir o desconforto, com medicamentos para aliviar sintomas como analgésicos e antitérmicos em caso de febre. Vale também ficar de repouso, manter-se hidratado e bem alimentado. Contudo, não há ainda uma medicação que elimine o vírus.
Não, apenas os casos mais graves – que é minoria. O respirador é utilizado quando o paciente não conseguir respirar com o próprio pulmão e isso é exceção.
Não. Antibióticos não atuam contra o vírus. Da mesma forma, não há evidências científicas que atestem qualquer impacto sobre o vírus de doses de vitamina D.
Em relação aos anti-inflamatórios, como ibuprofeno ou cortisona, a orientação do Ministério da Saúde é que pessoas que fazem uso deste tipo de medicamento não suspendam seu uso para não prejudicar suas condições de saúde, aumentando a chance de complicações. Não existe comprovação científica de problemas decorrentes desses remédios e suspendê-los pode trazer ainda mais risco ao paciente. Quem tiver dúvidas sobre o uso de qualquer medicamento deve consultar seu médico.
Não existe ainda nenhum remédio que cure o coronavírus. O Interferon, usado contra hepatite C e outras doenças, é um remédio que mexe na imunidade da pessoa e não deve nunca ser usado por conta própria.
O vírus que provoca a gripe é outro, o influenza, de modo que a vacina da gripe não combate o coronavírus. Entretanto, a imunização contra influenza é muito importante no combate à pandemia, porque facilita o diagnóstico do COVID-19, reduz complicações ao evitar que o coronavírus contamine pessoas já debilitadas pela gripe e ajuda a desafogar o sistema de saúde do país, ao permitir que um número menor de pessoas fiquem gripadas. Neste sentido, o Ministério da Saúde decidiu antecipar a campanha nacional de vacinação contra a gripe, conforme calendário abaixo:
Diversos países do mundo estão investindo esforços em pesquisa para produção de uma vacina capaz de combater o COVID-19. Até o momento, os Estados Unidos foram o primeiro país a iniciar os testes da vacina em humanos num grupo de 45 voluntários adultos saudáveis com idades entre 18 e 55 anos. Os testes devem durar ao menos seis semanas. Se forem bem sucedidos, o processo de criação da vacina deve durar entre 1 ano a 18 meses, porque serão necessários mais testes.
O Ministério da Saúde adverte que não há medicamento, substância, vitamina, alimento específico ou vacina que possa prevenir a infecção pelo novo coronavírus.
Alimentação saudável, atividade física e sono de qualidade são algumas das formas de melhorar o estado geral do corpo.
Se você apresentou sintomas leves, mas o tratamento domiciliar não está funcionando e os sintomas estão se tornando graves, como dificuldade para respirar e febre alta, você deve procurar uma unidade de atendimento. Ir ao hospital sem necessidade pode sobrecarregar o sistema e aumentar o risco da pessoa contrair uma infecção.
No atual momento, o recomendado é que as pessoas doentes, com suspeita de ter contraído a doença ou que tenham retornado de viagem internacional permaneçam em isolamento domiciliar por 14 dias ou até o fim dos sintomas. O Brasil não declarou estado de quarentena – que é quando a população em geral passa por restrições de movimentação -, contudo muitas pessoas têm sido orientadas a permanecer em casa, se possível, para evitar aglomerações e aumento da transmissão do vírus.
Algumas cidades, como Salvador, publicaram decretos que fecham determinados locais por tempo determinado. O recomendado é que pessoas com mais de 60 anos, doenças crônicas ou respiratórias evitem lugares públicos com aglomeração. Para os demais, vale o bom senso de manter certa distância dos demais e, se possível, permanecer mais tempo em casa.
Caso não dê para evitar o uso de transporte coletivo, tente não ficar muito próximo às pessoas e aumente seus cuidados com a higiene.
O ideal no momento é evitar, a menos que seja imprescindível.
Não há evidência significativa de que animais de estimação como gatos e cachorros possam ficar doentes ou transmitir o COVID-19. A orientação da Organização Mundial da Saúde é que pessoas que contraíram a doença evitem beijar, lamber ou compartilhar alimentos com seus pets e mantenha boas práticas de higiene, como lavar as mãos antes e depois de tocar nos animais, alimentos, suas fezes ou urina. Estes cuidados com a higiene deveriam ser adotados sempre, não só durante a pandemia de coronavírus.
A curva de contágio representa a velocidade de disseminação de uma doença num determinado período de tempo. Sem medidas de prevenção e controle da transmissão, a curva de contágio do coronavírus tende a se desenvolver de forma bastante acelerada.
Muito se fala em achatar a curva de contágio do coronavírus, o que significa reduzir a velocidade de disseminação do COVID-19, evitando que haja um pico muito alto de pessoas contagiadas num mesmo momento. Combater um surto requer também medidas que ajudem a retardar ou desacelerar a transmissão para que não fique fora de controle. A importância de achatar a curva é, principalmente, evitar que o sistema de saúde fique sobrecarregado em certo momento da pandemia. Neste caso o número de leitos, médicos e máscaras podem ser insuficientes para atender todas as pessoas. Por isso medidas de higiene e redução do contato social têm sido recomendadas pelas autoridades de todo o mundo.
Somente pessoas consideradas suspeitas devem fazer o exame específico da doença. Para isso o paciente deve apresentar sintomas como febre, tosse, coriza e dificuldade para respirar, histórico de viagem para fora do país ou para outro estado que tenha casos de doença registrados ou ainda se tiver tido contato com alguém suspeito ou confirmado com COVID-19. Quem não tem sintoma ou está com sintomas leves, parecidos com um resfriado, não deve fazer teste específico para coronavírus.
Na Bahia a rede privada e a pública estão capacitadas para a realização de testes que detectam se a pessoa contraiu coronavírus. No caso dos hospitais estaduais e municipais, o exame é realizado de forma gratuita e encaminhado ao Laboratório Central de Saúde Pública (Lacen). Já os laboratórios e centros médicos particulares cobram até R$ 400 para a realização da análise.