3 de fevereiro de 2020
O Instituto Couto Maia como hospital de referência para doenças infectocontagiosas está se preparando para receber pacientes com suspeita de infecção pelo novo Coronavírus. Na Bahia não há, até o momento, nenhum caso suspeito do novo vírus intitulado 2019-nCoV e no Brasil, há casos suspeitos em outros estados, mas nenhum deles foi confirmado até agora.
O Ministério da Saúde define como caso suspeito de Coronavírus indivíduos com febre e sintomas respiratórios que tenham tido, nos últimos 14 dias, contato com indivíduo com suspeita de infecção pelo novo Coronavírus ou que tenha viajado, nesse período, para área com transmissão local do vírus. Ou, se o contato for com indivíduo confirmado de estar com a infecção, que apresente febre ou sintomas respiratórios, dentro dos 14 dias após o contato.
Em ambos os casos, é recomendável que a pessoa procure imediatamente uma unidade de saúde e, havendo suspeita de infecção, use máscara cirúrgica para reduzir o risco de disseminação do vírus.
Como o espectro das manifestações clínicas da infecção é muito largo, variando de casos assintomáticos até insuficiência respiratória, a recomendação é de que as unidades básicas de saúde estejam capacitadas a prestarem o primeiro atendimento aos pacientes, adotando medidas imediatas de contenção de riscos e triagem dos pacientes. Casos com potencial de agravamento, serão encaminhados para o ICOM.
No último dia 30 de janeiro de 2020, a Organização Mundial de Saúde – OMS declarou este surto de novo coronavírus como emergência de saúde pública de interesse internacional. Com isso, a OMS passa a fazer recomendações para os países que já têm casos confirmados e para os países que podem vir a ter. Caso seja necessário, a OMS também pode coordenar esforços de compartilhamento de infraestrutura entre os países.
Em 31 de dezembro de 2019, a OMS foi notificada sobre a ocorrência de dezenas de casos de pneumonia de causa desconhecida na China, particularmente em Wuhan, província de Hubei, e, na investigação, descobriu-se tratar de um novo coronavírus, que recebeu o nome de 2019-nCoV. O coronavírus é um tipo de vírus que causa infecção nos tratos respiratórios, havendo vários tipos diferentes de vírus, alguns deles com maior potencial de gravidade. O vírus está relacionado a duas epidemias ocorridas em 2003 e 2012, que receberam os nomes de SARS CoV e MERS CoV, respectivamente, síndrome respiratória aguda grave e síndrome respiratória do oriente médio. Este tipo viral que está causando infecção no momento, até então era desconhecido pela comunidade científica.
O coronavírus se dissemina da mesma forma que outros vírus que causam resfriado, pela via respiratória, por meio do contato com gotículas que são expelidas ao falar, tossir, espirrar e pelo contato com as secreções respiratórias das pessoas infectadas que contaminam as mãos, a face, e assim, podem contaminar o ambiente, ao ser tocado pelo paciente infectado.
Os sintomas causados pelo coranavírus variam desde uma infecção subclínica (inaparente), a quadros mais sintomáticos com febre, dor de cabeça, coriza, dor de garganta, podendo ocorrer quadros respiratórios mais graves, como pneumonia e a síndrome respiratória aguda grave, quando o paciente pode evoluir com dificuldade para respirar, culminando em insuficiência respiratória, com possibilidade de necessitar de ventilação artificial. O vírus também pode ocasionar falência renal. Os quadros mais graves, tendem a ocorrer em pessoas com maior vulnerabilidade, como os idosos com doença cardiovascular, crianças e demais pessoas com algum grau de imunodepressão.
A diretora médica e responsável técnica do ICOM, Maria Alice de Sena, destaca que não há necessidade de pânico, porque, até o momento, não foi confirmado nenhum caso de conoronavírus no Brasil, mas que é preciso manter o estado de alerta, em especial pelo grande fluxo de turistas nesta época do ano. “Recomenda-se, como medidas preventivas, evitar ambientes com aglomeração de pessoas, lavar as mãos frequentemente, principalmente, após tossir, espirrar, assoar o nariz, antes, durante e após preparar os alimentos, e sempre que as mãos estiverem visivelmente sujas, complementando, quando possível, com álcool a 70%. Além disso, evitar tocar as mãos sujas no nariz, boca e olhos, evitar também compartilhar artigos utilizados pelas pessoas suspeitas ou confirmadas de estarem infectadas, como: toalhas, talheres e copos. Cozinhar bem os alimentos, principalmente frango, ovos e carnes. Lavar as mãos ao manipular animais, frutos do mar, e evitar consumir proteína animal mal cozida.” Estas recomendações baseiam-na na experiência internacional com os surtos anteriormente ocorridos com outras espécies de Coronavírus
Maria Alice lembra ainda que como é um vírus novo, seu comportamento ainda está sendo estudado, portanto, casos atípicos podem ocorrer e novas informações podem surgir a qualquer momento. Por isso a médica alerta “devemos evitar disseminar publicações sem respaldo científico que só servem para espalhar pânico e levar a população ao consumo de substâncias que não têm seu benefício comprovado. A melhor forma de controle é a prevenção e a informação. Qualquer dúvida, é importante sempre procurar um profissional de saúde.”
A infectologista esclarece que “caso seja confirmado algum caso de infecção pelo novo coronavírus ou haja caso suspeito de infecção bem fundamentado, por se tratar de doença de notificação imediata e, diante do interesse sanitário internacional, os técnicos da vigilância epidemiológica estão capacitados para realizar a busca ativa das pessoas que tiveram contato com o paciente infectado. É uma ação importante para que sejam avaliados os riscos potenciais e estas pessoas tenham garantida a sua assistência imediata, assim como o fornecimento de orientações para que a cadeia de transmissão seja interrompida”.
Até o momento, não existem vacinas disponíveis, nem tratamento específico. O tratamento é de suporte, com analgésicos e antitérmicos e suporte de vida, nos casos de maior gravidade.