12 de abril de 2023
O dia 11 de abril celebra o Dia do Médico Infectologista, mas você sabe qual o trabalho de um infectologista? Com o que lida diariamente esse profissional? Para responder esses e outros questionamentos convidamos a médica infectologista, Dra. Áurea Paste para nos contar mais sobre essa especialização tão importante para saúde pública.
– Doutora, quando surge a infectologia?
A infectologia é na verdade uma especialidade relativamente nova, antigamente os especialistas eram especialistas em doenças tropicais. Era uma área muito voltada para doenças tropicais, doenças do terceiro mundo, doenças dos países tropicais, países africanos, América do Sul, América Latina, mas viu se que a infectologia é muito mais ampla do que isso. Aqui no Brasil ela é uma especialidade que foi na verdade oficializada na década de 1980, os médicos da época perceberam que a infectologia era bem mais do que medicina tropical.
– Doutora, quais exemplos temos desse “além da medicina tropical”?
Havia a infectologia hospitalar, havia as infecções hospitalares, que na época ainda nem se tinha formalmente a recomendação de se ter as comissões de controle de infecção hospitalar mas na época viu-se que a infectologia era bem mais do que doenças tropicais e começou se então o movimento para que se formasse a Sociedade de Infectologia e o nome da especialidade infectologia.
Ainda existe a Sociedade de Medicina Tropical , existem as Sociedades de Virologia por exemplo, mas a infectologia abrange todas as doenças que são causadas por microrganismos. Então infecções bacterianas, infecções virais, infecções fúngicas, infecções por protozoários, por novos agentes é da alçada da infectologia, é da alçada do infectologista.
– Quais momentos os médicos infectologistas tiveram grande notoriedade?
Vocês percebem que sempre que aparece uma doença nova o infectologista está na linha de frente, vimos agora a covid-19. Anteriormente às arboviroses, nós tivemos no Brasil a Chikungunya que era uma doença que já existia a sua discrição, mas houve um aumento de casos importante e foi à frente desse processo infectologista. Então infectologista cuida dessas doenças, que tenha uma relação com os microrganismos, com outros seres vivos e as suas interações.
A ossada principal de infectologista é a prevenção, o tratamento e a condução. Então, a gente atua também na área de vacinas, atuamos na área de controle de infecção hospitalar, atuamos na infectologia hospitalar que é o trabalho com pacientes internados, e que faz alguma complicação infecciosa durante o internamento.
-Qual trabalho de um infectologista no dia a dia?
Nós atuamos nos ambulatórios de infectologia, os ambulatórios de infecções sexualmente transmissíveis nos ambulatórios de AIDS. A AIDS que é uma doença que também surgiu como uma pandemia na década de 1980 e teve uma disseminação mundial semelhante a covid-19, porém uma transmissão diferente da covid porém também sendo uma pandemia e na linha de frente estávamos nos infectologistas.
Nos consultórios a AIDS é uma doença que hoje é eminentemente conduzida pelo infectologista, mas o infectologista conduz também outras doenças que são relacionadas com esses micro-organismos. Então, por exemplo, tuberculose, pneumonia, infecções articulares, infecções ósseas, infecções gastrointestinais, infecções de ouvido, garganta a gente tá ali junto com outras áreas também na ação e no tratamento e condução dessas patologias.
– O médico infectologista dialoga com outras especialidades?
Dentro de um hospital a gente interage com toda a equipe assistencial e de outras especialidades, outros colegas médicos. Então, muitas vezes o cirurgião geral que tem alguma complicação infecciosa, eles chamam infectologista, o ortopedista chama infectologista, o neurologista, ou neurocirurgião, a gente interage com todas as outras especialidades médicas dentro de um hospital.
Assim como muitos dos nossos pacientes são encaminhados para nós infectologistas por outros médicos, por outras especialidades porque querem um parecer, querem o acompanhamento conjunto ou querem transferir o paciente porque é da alçada principal do infectologista. Pacientes também nos procuram, como a especialidade vem sendo cada vez mais divulgada, disseminada e conhecida, muitos pacientes já nos procuram espontaneamente porque sabem que nós vamos conduzir ali a o tratamento, a prevenção, o segmento da sua infecção.
– Doutora a senhora acha importante uma data como essa ( Dia do Médico Infectologista) ?
Então, é uma especialidade que vem ganhando cada vez mais importância, cada vez mais destaque, inclusive, na residência de infectologia nós observamos uma procura muito grande depois da pandemia da covid-19, bem mais do que era antes à procura. Então, por exemplo, esse ano nós tivemos muitos candidatos que fizeram a prova para ter o acesso à residência de infectologia numa proporção bem maior que anteriormente, também pela importância que a especialidade vem apresentando nos últimos tempos.
– A Doutora poderia falar um pouco sobre o programa de residência do ICOM?
Nós hoje aqui no Instituto Couto Maia nós temos uma residência de infectologia, nós temos cinco vagas para infectologia, estamos com elas todas preenchidas e a busca foi grande esse ano mesmo, assim como temos também outros programas de residência na Bahia.
A nossa residência de infectologia é bastante ampla em termos das doenças infecciosas, tanto tropicais quanto infectologia hospitalar, prevenção, vacinas, os ambulatórios de infecção sexual intransmissível, ambulatórios AIDS, ambulatórios de hepatite, ambulatórios de infectologia geral.
Então o residente passa por todo o conhecimento tanto hospitalar, quanto ambulatorial, pronto atendimento, vacinas, o que abrange toda a importância dos temas que o infectologista deve ter conhecimento e sabedoria ali para pra conduzir, depois da especialidade finalizada. E depois da residência finalizada ele se torna então infectologista com condição de conduzir todo o tratamento desse paciente também pensando muito na prevenção.