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ICOM - Instituto Couto Maia

ICOM é um dos poucos hospitais do Brasil a realizar necropsia minimamente invasiva nos corpos de pacientes com COVID 19

26 de agosto de 2021

O ICOM participa do estudo COVPEM realizado em parceria com Fiocruz-Bahia para fazer necropsias minimamente invasivas em corpos de pacientes que morreram com COVID-19.Todos os participantes do estudo têm sua participação autorizada pela família com assinatura do TCLE (Termo de Consentimento Livre e Esclarecido). Até o momento, já foram realizadas 14 necropsias de corpos de pacientes do ICOM de diferentes faixas etárias, entre 37 e 82 anos.

O estudo, coordenado pelo pesquisador da Fiocruz Bahia Washington Santos, busca descobrir as causas das mortes, ampliar os conhecimentos sobre a evolução da doença, entender as reações do organismo diante do SARS-CoV-2 e preparar os profissionais da área da saúde para que possam atuar em situações futuras similares.

Necropsias minimamente invasivas

Ao contrário das necropsias ou autópsias tradicionais, nas quais a maioria dos órgãos é retirada do corpo e cada órgão é examinado minuciosamente, nas autópsias minimamente invasivas apenas pequenos fragmentos dos órgãos são retirados do corpo. Nesse procedimento, os órgãos internos são localizados usando-se um aparelho de ultrassonografia e o patologista extrai, na maioria das vezes, com o auxílio de agulhas especiais, tecidos de diversos órgãos.

Os fragmentos retirados podem ser analisados por diversas técnicas, permitindo um estudo amplo das condições do organismo frente à doença. Como os fragmentos são retirados através de agulhas ou pequenas incisões cirúrgicas, o corpo mantém-se preservado e as famílias apresentam menor resistência em autorizar o procedimento.

As equipes de psicologia e serviço social do ICOM desenvolveram uma abordagem que explica com clareza às famílias como o procedimento será feito e os ganhos para a ciência e para os demais pacientes com os resultados obtidos. No início houve uma resistência maior, mas, ao longo do tempo, com a experiência adquirida pelos profissionais, essa abordagem passou a obter mais sucesso.

Nova habilidade para os patologistas

O patologista e pesquisador da Fiocruz Bahia, Geraldo Gileno, executor das necropsias, explica que a técnica minimamente invasiva já existe há muito tempo, mas não é usada em grande escala. O estudo realizado permitiu confirmar a técnica como eficaz na obtenção de informações relevantes e a experiência adquirida será usada para treinar outros patologistas da Bahia. A Fiocruz, inclusive, já planeja a elaboração de cursos para treinar mais profissionais.

As amostras coletadas podem ser analisadas por diversas técnicas como microscopia ótica e eletrônica, além de permitir analisar a quantidade de vírus e avaliar características genéticas. Todas as informações coletadas e análises realizadas são disponibilizadas para a comunidade científica, em um grande esforço mundial para se conhecer e controlar em tempo recorde o SARS-CoV2.

Patologista Geraldo Gileno

Pelo ICOM, participam do estudo as médicas Ceuci Nunes, Lilian Carvalho, Karine Ramos e Lara Cardoso, as assistentes sociais Cassiana Souza e Marcella Silva, a psicóloga Amanda Torquato  e a enfermeira Euclimeire Neves.

Equipe do ICOM

Equipe do ICOM

Primeiros resultados

Até o momento, o estudo já detectou duas condições presentes nos pacientes que morreram com COVID-19: trombose na microcirculação pulmonar, identificada em 70% dos casos analisados, e a fibrose pulmonar. Essas cicatrizes no tecido pulmonar, comuns nos pacientes que tiveram longo tempo de internação com COVID-19 e superaram a doença, podem levar a um comprometimento da função pulmonar e a propensão a novas infecções.

Também foram identificadas algumas alterações nos rins, mas ainda não se sabe se essas alterações ocorreram em consequência das medicações usadas pelos pacientes ou são reações à infecção viral. O patologista explica que estas descobertas estão em acordo com o que a literatura médica já registrou em outros estudos em diversos locais do mundo e destaca ser importante a aquisição de experiência pessoal por médicos baianos em relação aspectos patológicos observados. Além disso,  Geraldo Gileno menciona que, com o aprofundamento do estudo, provavelmente serão descobertos aspectos novos ou melhores explicações para alguns fenômenos observados.


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