Dados do Ministério da Saúde divulgados na primeira semana de março afirmam que os casos suspeitos do novo coronavírus sobem 40% no Brasil. Diante do crescimento da doença, são adotadas novas medidas para tentar conter a disseminação, como investigação de pessoas com gripe comum ou pacientes internados com problemas respiratórios grave, bem como a antecipação da campanha nacional de vacinação contra a gripe. Além disso, vale ressaltar sempre a importância do cuidado individual com higiene e evitar aglomerações ou contatos muito próximos com as pessoas. Para ajudar a esclarecer dúvidas importantes, conversamos com a coordenadora da Comissão de Controle de Infecção Hospitalar (CCIH) do ICOM, a médica infectologista Verônica Rocha.

Veronica Rocha, infectologista e coordenadora CCIH

Muito já se falou sobre os cuidados na prevenção da doença, mas quem já teve coronavírus pode ter de novo a doença? Quais as chances e os riscos envolvidos numa reincidência?

Ainda não temos dados suficientes para falar sobre o percentual de pessoas que podem ter uma segunda infecção pelo coronavírus ou a probabilidade disso ocorrer. O que temos até o momento são escassos relatos de casos de pessoas que apresentaram COVID19 e, após melhora dos sintomas, com exame de controle negativo para o vírus, retornaram a apresentar sintomas com pesquisa de coronavírus novamente positiva.

Em alguns desses relatos, os pacientes não retornaram a apresentar novos sintomas, porém após terem preenchido critério de cura clínica e com pesquisa de coronavírus negativa, exames coletados posteriormente detectaram novamente o vírus.

Muito se fala em lavar as mãos, mas e o celular que está constantemente em nossas mãos, deve ser higienizado também? De que forma?

Em uma situação de transmissão comunitária de coronavírus, considerando que o vírus pode permanecer por muito tempo em superfícies não higienizadas, o celular que está frequentemente em contato com as nossas mãos pode sim ser contaminado. A limpeza do celular pode ser realizada com álcool a 70% antes de levá-lo até o rosto e sempre que for tocado por suas mãos não higienizadas ou superfícies potencialmente contaminadas. Lembrar que a higiene das mãos com álcool a 70% ou água e sabão com frequência é a medida mais importante para evitar a infecção pelo COVID19. Deve-se atentar também para não tocar na face quando estiver em locais públicos ou próximo de pessoas doentes, pois dessa forma você pode aumentar a chance de se infectar com o vírus.

Muitos pacientes do ICOM possuem baixa imunidade. Quais cuidados especiais essas pessoas precisam ter na prevenção e tratamento da doença?

Existem medidas gerais que reduzem o risco de infecção pelo novo coronavírus, tais como higienizar as mãos com água e sabão ou álcool gel com frequência (mesmo quando não estiverem visivelmente sujas), evitar contato próximo com pessoas resfriadas, cobrir nariz e boca com lenço ou com a dobra do cotovelo ao tossir ou espirrar, evitar aglomerações se estiver doente, manter ambientes ventilados e não compartilhar objetos pessoais. Pessoas que apresentam imunidade baixa, como portadores do vírus HIV, precisam fazer o uso correto dos seus medicamentos.

A forma de contágio do coronavírus é semelhante à das demais doenças infecciosas respiratórias? Quais os principais meios de transmissão?

O coronavírus é transmitido por gotículas que são eliminadas ao tossir e espirrar, por exemplo, e através do contato das nossas mãos em superfícies contaminadas. As nossas mãos são frequentemente levadas até o rosto, seja para coçar os olhos ou o nariz e, assim, podemos nos infectar.

Como está a expectativa de criação de uma vacina para o coronavírus?

Até o momento não temos nenhuma vacina específica para o coronavírus e ainda não sabemos se vai ser possível desenvolver vacinas que realmente sejam eficazes. Precisamos ainda acompanhar os resultados dos estudos. Como nunca existiu vacina contra um coronavírus, as pesquisas começarão praticamente do zero e existem muitas etapas antes de liberar para o público geral.

O ICOM vai antecipar a vacina da gripe para seus pacientes? Esta vacina tem alguma influência sobre o coronavírus?

Conforme a orientação do Ministério da Saúde, a campanha da vacina da gripe será iniciada no dia 23 de março, dando prioridade aos idosos e profissionais de saúde. Os pacientes atendidos no ICOM serão orientados a fazer a vacina da gripe seguindo a ordem de aplicação estabelecida pelo Ministério da Saúde. A vacina da gripe não tem influência sobre o coronavírus, entretanto evita que pessoas tenham gripe por outros vírus, como o H1N1, reduzindo o número de pessoas doentes com sintomas respiratórios.