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ICOM - Instituto Couto Maia

Brasil identifica 28 mil novos casos de pacientes com hanseníase

26 de junho de 2019

No último ano, a identificação de casos novos de hanseníase aumentou no Brasil, quando foram registrados 28 mil novos pacientes, em relação aos pacientes que já vinham sendo acompanhados pelas unidades de referência. A hanseníase é uma doença crônica, infectocontagiosa, que ainda afeta muitos brasileiros. De acordo com dados do Ministério da Saúde, o Brasil ainda está entre os 22 países que possuem as mais altas taxas da doença, em âmbito global, ocupa a 2ª posição na detecção de casos novos e detém 92% do total de casos dos países das Américas.

Em nosso país, a doença é endêmica, ou seja, tem uma incidência frequente em determinadas regiões, em especial no Nordeste. A doença pode atingir pessoas de qualquer sexo ou idade, inclusive crianças e idosos, acometendo, principalmente, os nervos superficiais da pele e troncos nervosos periféricos (localizados na face, pescoço, terço médio do braço e abaixo do cotovelo e dos joelhos), podendo afetar também olhos e órgãos internos (mucosas, testículos, ossos, baço, fígado, etc.). Se não tratada na forma inicial, a hanseníase quase sempre evolui, de forma lenta e progressiva, podendo levar a incapacidades físicas e sequelas definitivas.

Como a hanseníase é transmitida?

A hanseníase é transmitida através da infecção pela bactéria Mycobacterium leprae por meio de contato próximo e prolongado de uma pessoa suscetível (com maior probabilidade de adoecer) com um doente com hanseníase que não está sendo tratado. Normalmente, a fonte da doença é um parente próximo que não sabe que está doente, como avós, pais, irmãos, cônjuges, etc. A bactéria é transmitida pelas vias respiratórias (pelo ar), e não pelos objetos utilizados pelo paciente. Estima-se que a maioria da população possua defesa natural (imunidade) contra o bacilo M. leprae. Portanto, a maior parte das pessoas que entrar em contato com o bacilo não adoecerá. Sabe-se que a susceptibilidade ao M. leprae possui influência genética. Assim, familiares de pessoas com hanseníase possuem maior chance de adoecer.

O grande desafio dos órgãos de saúde pública é realizar o diagnóstico precoce da doença e iniciar o tratamento o mais cedo possível, para evitar o contágio de outras pessoas e também que o paciente fique com alguma sequela.

Quais os sintomas da hanseníase?

Os principais sintomas que as pessoas devem ter atenção são os seguintes: áreas da pele com manchas esbranquiçadas, acastanhadas ou avermelhadas, que apresentem alterações de sensibilidade ao calor, a dor ou ao tato; formigamentos, choques e cãibras nos braços e pernas, que evoluem para dormência – a pessoa se queima ou se machuca sem perceber; nódulos (caroços), normalmente sem sintomas;  diminuição ou queda de pelos, localizada ou difusa, especialmente nas sobrancelhas; pele avermelhada com diminuição ou ausência de suor no local.

A coordenadora geral substituta de Hanseníase e Doenças em Eliminação do Ministério da Saúde, Jeann Marie Marcelino, explica que entre 2019 e 2022 haverá uma ação coordenada entre os diversos órgãos de saúde pública para que haja uma significativa redução nos indicadores da doença, respeitando as possibilidades e recursos de cada município. Hoje a doença está presente em diversas cidades de todo o país, inclusive nas grandes capitais. A doença afeta mais comumente a população de menor renda, porque, em geral, vivem em moradias sem muita ventilação e maior aglomeração de pessoas, o que facilita a transmissão pelo ar.

Hanseníase em crianças

A coordenadora estadual de hanseníase na Bahia, Maria Aparecida Rodrigues explica que sempre que um novo paciente é identificado, a orientação é que toda a família seja examinada, para identificar o quanto antes novos casos. Em 2018, foram identificados 1706 casos em crianças e adolescentes até 15 anos, segundo os especialistas, isto indica que ainda temos casos de pacientes sem tratamento, porque houve tempo de desenvolver a doença e contagiar as crianças, por isso Maria Aparecida explica que a vigilância tem sido grande para identificar todos os pacientes e iniciar o tratamento no menor prazo possível.

O preconceito dificulta muito a identificação de novos casos, vez que muitos pacientes têm vergonha de contar à família que estão doentes e isso impede que todos sejam examinados para que novos casos sejam identificados precocemente. Por isso, a médica e professora da UFRJ, Maria Leide W. de Oliveira, chama a atenção para a importância de que os profissionais das unidades básicas de saúde estejam treinados para identificar os casos e esclarecer aos doentes os riscos e os prognósticos de cura.

hanseníase no brasil

Maria Leide W. Oliveira, Jeann Marie Marcelino, Maria Aparecida Rodrigues.

Hanseníase tem cura?

Os pacientes que seguem o tratamento de forma adequada recebem alta curados. Segundo a médica dermatologista do Instituto Couto Maia (ICOM), Petrusca Pirajá, os pacientes do instituto costumam seguir o tratamento até o final: “isso acontece porque temos uma relação muito próxima com nossos pacientes e a equipe mantém uma busca ativa, ou seja, se alguém falta a uma consulta, os assistentes sociais entram em contato para evitar que abandonem o tratamento. Quando a hanseníase é identificada precocemente temos ótimos resultados com o tratamento. Mas, infelizmente, alguns pacientes só recebem o diagnóstico quando já há alguma sequela.”

A médica explica que os pacientes ainda sofrem muito com o desconhecimento que há sobre a hanseníase, “o estigma da doença é forte, o paciente tem dificuldade em aceitar o diagnóstico. É importante que toda a família e pessoas de contato muito próximas sejam avaliadas para que se descubra como foi o contágio para tratar esse contactante também e evitar que outras pessoas venham a desenvolver a doença”.

hanseníase no brasil ICOM

Petrusca Pirajá, dermatologista do ICOM

Para saber mais sobre a hanseníase clique nos links abaixo:

Vídeo sobre a hanseníase

Ministério da Saúde: informações sobre sintomas, tratamento, diagnóstico e prevenção.

 


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